TDAH- UM MUNDO DIFERENTE EM ANALISE E INTERPRETAÇÃO


 

A Descoberta do TDAH e Suas Consequências: No Brasil e no Mundo

Por José Aurélio Massutti

Introdução

O Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH) é uma condição neurológica que afeta milhões de pessoas em todo o mundo. Por muitos anos, foi mal compreendido, subestimado ou até confundido com má conduta e preguiça. Hoje, com avanços na ciência e na saúde mental, sabemos que o TDAH é real, complexo e impacta profundamente a vida de quem convive com ele.


A Descoberta do TDAH: Breve Histórico

A primeira descrição clínica do que hoje chamamos de TDAH remonta ao início do século XX. Em 1902, o pediatra britânico George Still publicou artigos descrevendo crianças com sérios problemas de atenção, controle de impulsos e comportamento.

Nas décadas seguintes, o transtorno passou por várias nomenclaturas:

  • Disfunção Cerebral Mínima (anos 1940-1950)

  • Síndrome Hipercinética (anos 1960)

  • TDAH (como é reconhecido desde os anos 1980 pelo DSM - Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais)

A evolução nos estudos neurocientíficos confirmou a existência de alterações funcionais no cérebro de pessoas com TDAH, especialmente nos lóbulos frontais, responsáveis pelo controle da atenção e do comportamento.


Dados e Números: Um Panorama Global e Brasileiro

No Mundo:

  • O TDAH afeta entre 5% a 7% das crianças em idade escolar em todo o mundo.

  • Em adultos, a prevalência global é estimada em 2,5% a 3,4%, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS).

No Brasil:

  • Estudos apontam que cerca de 5 a 6% das crianças brasileiras têm TDAH.

  • Já entre os adultos, estima-se que cerca de 2 milhões de brasileiros convivem com o transtorno, mas muitos sem diagnóstico.

  • O número de diagnósticos vem crescendo, impulsionado pela maior conscientização e acesso à saúde mental.


Características e Sintomas

O TDAH é classificado em três tipos principais:

  1. Predominantemente desatento: dificuldade de foco, esquecimento, distração constante.

  2. Predominantemente hiperativo-impulsivo: inquietação física e verbal, impulsividade.

  3. Combinado: mistura dos dois tipos acima.

Outros sintomas comuns incluem:

  • Dificuldade para iniciar e concluir tarefas

  • Problemas com organização

  • Impaciência e explosões emocionais

  • Baixa autoestima, especialmente em adultos não diagnosticados


Consequências na Vida Pessoal e Social

Sem diagnóstico e tratamento, o TDAH pode afetar:

  • O desempenho escolar e acadêmico

  • A vida profissional (trocas frequentes de emprego, desorganização)

  • Os relacionamentos interpessoais (impulsividade, dificuldade em ouvir)

  • A saúde mental (muitos convivem também com ansiedade, depressão ou transtornos do sono)

Em contrapartida, com apoio adequado, é possível transformar dificuldades em estratégias. Muitos com TDAH são criativos, intuitivos, sensíveis e enérgicos.


Tratamento e Abordagens

O tratamento do TDAH deve ser multidisciplinar, envolvendo:

  • Psicoterapia (TCC é a mais indicada)

  • Medicamentos (como metilfenidato ou atomoxetina)

  • Acompanhamento psiquiátrico e/ou neurológico

  • Estratégias comportamentais e ferramentas de organização

É importante lembrar: TDAH não tem cura, mas tem controle. Com o suporte certo, a pessoa pode levar uma vida produtiva e feliz.


Histórias e Relatos

Diversas personalidades já falaram publicamente sobre seu diagnóstico de TDAH, como:

  • Michael Phelps (nadador olímpico)

  • Simone Biles (ginasta)

  • Justin Timberlake, Emma Watson, entre outros

Esses casos ajudam a mostrar que o transtorno não define limites, mas sim exige compreensão e adaptação.


O Papel da Informação

No Brasil, ainda existe muito preconceito e desinformação sobre o TDAH. Muitas famílias passam anos buscando ajuda, sem respostas. Por isso, é essencial disseminar conhecimento e quebrar tabus.


Conclusão

O TDAH é um desafio real, mas que pode ser enfrentado com apoio, empatia e tratamento. Ao falarmos sobre o tema com responsabilidade, abrimos portas para mais diagnósticos, mais inclusão e mais respeito.

Se você ou alguém próximo apresenta sinais de TDAH, busque orientação profissional. Falar é o primeiro passo para transformar realidades.

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