REFLEXAO SOBRE O PARÁ E A REALIZAÇÃO DA CP 2025 EM BELÉM.
Reflexão sobre o Pará e a Realização da COP 2025 em Belém
Como cidadão que preza pela justiça social, sinto a necessidade de compartilhar minha reflexão sobre o estado do Pará e a escolha de Belém como sede da COP 2025. Meu objetivo é trazer à tona a dura realidade enfrentada por milhares de pessoas que vivem na região e questionar as prioridades estabelecidas para este evento de magnitude global.
O Pará, reconhecido mundialmente por sua riqueza em biodiversidade e recursos naturais, convive com um paradoxo que é ao mesmo tempo cruel e alarmante: enquanto suas florestas e rios inspiram o mundo, sua população mais vulnerável enfrenta a fome, a falta de acesso à saúde e os desafios educacionais.
Dados recentes revelam que milhões de pessoas no estado vivem em situação de insegurança alimentar. Em muitas comunidades, é comum ver famílias inteiras sem o que comer, dependendo exclusivamente de doações para sobreviver. A situação de abandono é agravada pela precariedade na área da saúde, onde faltam médicos, remédios e infraestrutura. Em regiões remotas, essas deficiências se tornam ainda mais severas, transformando o acesso à saúde em um privilégio ao invés de um direito.
Outro ponto crucial é a educação. A evasão escolar é um problema crescente, muitas vezes causado pela necessidade das crianças ajudarem no sustento de suas famílias. Como podemos promover debates globais sobre sustentabilidade e preservação ambiental, enquanto não investimos em educação para formar cidadãos conscientes e preparados para esses desafios?
A realização da COP 2025 em Belém está estimada em cerca de R$ 5 bilhões, envolvendo investimentos em infraestrutura e melhorias na cidade. Desse montante, aproximadamente R$ 1,3 bilhão será financiado pela Itaipu Binacional, alocado em projetos como saneamento básico e revitalização urbana. Além disso, o governo federal reservou R$ 1 bilhão no orçamento de 2025 para garantir a realização do evento. Embora esses investimentos possam deixar um legado duradouro para a cidade, é inevitável perguntar: esse legado será suficiente para transformar a vida das pessoas que enfrentam fome, abandono na saúde e desigualdades educacionais?
Belém também receberá outros grandes eventos em 2025, como o Global Citizen Festival e o festival internacional "Amazônia para Sempre". No entanto, detalhes financeiros desses eventos ainda não foram amplamente divulgados. A chegada da banda Coldplay à cidade também ilustra a relevância cultural que Belém vem ganhando. Mas essas iniciativas, por mais celebradas que sejam, conseguem de fato impactar as vidas das comunidades que mais precisam?
Não se trata de desmerecer a importância da COP ou outros eventos, mas de refletir sobre as prioridades. Enquanto investimos bilhões em conferências e festivais, é crucial lembrar que o Pará é lar de uma população que precisa de soluções imediatas. Uma verdadeira sustentabilidade só será alcançada quando houver justiça social.
Acredito que a COP 2025 pode ser um marco, mas somente se olharmos além do evento em si. Que os olhos do mundo, voltados para Belém, enxerguem as necessidades reais de seu povo. Que possamos usar esse momento para priorizar a fome, a saúde e a educação de maneira efetiva, transformando promessas em ações reais.
Deixo aqui meu apelo como cidadão: que as vozes do Pará sejam ouvidas e que o futuro de seu povo seja verdadeiramente considerado. Porque não há justiça climática sem justiça social.
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